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sexta-feira, 1 de abril de 2011

POR OFICIO POETA




A beira da estrada
Pedindo carona a vida
Intempestivo e revel
tem horas que perco a roda
que gira sem mim
Tentado perder algo da história
E quando vejo
ela não me deixou
fora de nada quando estive a beira da estrada

Vigio dentro de cada condução que passa
Espreito os rosto
E adivinho mesmo quando falho e equivocado
A vontades todas
A solidões todas
O gozo
A falta dele
O amante
O traído
O que mente
O que aceita como verdade a mentira...

Como vate condenado
A viver um pouco o sentimento
de todos
aceito o adágio como oficio
Hora de dor
Hora de amor
Hora me sentindo semi-deus
(pobre mortal mais frágil que os outros)
Não se iluda ninguém que ando com coragem
e me apego ao avesso...

Que me falta mesmo
é agarrar forte no aço quente do trem
E sentir o vapor no dorso
do que é a vida sem perder
uma estação sequer...

Luciano Lopes

terça-feira, 15 de março de 2011

CONVITE III




Ponto por ponto
Num ato difuso
Queria tanto adivinhar
O dia de amanhã...
Não as páginas policiais
Nem as loterias...
Bastava saber se tu ririas
Pra mim...

Como me basta agora respirar
e saber escura a noite
E que tu dormes...
E imaginar o desalinho dos teus cabelos...
Se tu acordas vais pensar em mim
que eu sei...
Vai sorrir que eu sei...
Vai procurar na parte oposta do leito
Um cheiro meu...
Queria adivinhar se em outros amanhãs vou completar
a parte que és tão minha hoje...


Luciano Lopes

MULECAGEM DE POETA





vocês lindas moças
queridas tolas
(quanta inveja minha)...
que assim só almas suas
queridas almas femininas...
prometo em meus enleios

há de ter sempre flores pra vocês...
se teus jarros ficarem vazios...
avisa a esse poeta que lhes quer tão bem...
que é poeta por vocês,
lindas moças...
a melhor parte de dar flores
e o querer dar flores
(e ver e amar teus sorrisos...)
é subtrai-las nos jardins alheios...


Luciano Lopes

quarta-feira, 9 de março de 2011

VIDA





Vim ferir o dia

Meu pior defeito

é o livre arbítrio...

Vem essas horas

que não sei mais

o que é o bem

ou o que é o mal...

então desfigura-se o dia...

E fico esperando o castigo

armo o algoz

e queria mesmo urgente o castigo

ou a paga...

Dou meu sentimento

a dores que eu não queria sentir

Não procuro as dores

não é isso...

Mas procuro sempre resposta

Quero aprender...

o que é o bem

o que é o mal...

e o dia fica ferido

pela angustia de experimentar

a vida...



Luciano Lopes

quinta-feira, 3 de março de 2011

TARDE OUTONAIS




Deixa o outono vir...
há em nós uma primavera
armazenada...
das flores que colhemos e rimos...
ainda há um eco em nossos corações...
de onde vimos...
do que rimos...
do que agora
sabemos de cor ...
Para onde olhamos...
daqui...
Por nossos sentimentos...
Fica tão bonito
toda essa terra coberta
com folhas...

Luciano Lopes

AGORA CUIDA




As vezes sinto
Que meu coração
Vai se desmanchar
Sair por todos os poros
e disforme de tantos sentimentos
vai se fundir em minhas mãos
para ser entregue para você...
Quem é você que me olha assim como
se eu fosse tão bonito,
o mais bonito dos homens?
Quem é você que domina
a forma que meu corpo
sente o chão?
E deixa meus sentidos
Por conta dos seus...
Quem é você que adormece minha razão?
e como um ser encantado
dá morte a todos os “atravancos”...
e Já não me canso
e minhas mãos tem a força
que preciso para carregar
meus coração cheio...
Diz para mim
como você vai fazer
agora que tem dois corações para cuidar?
Já que levou o meu
que não quer mais estar longe do seu...

Luciano Lopes.

ESPERA DO INCOMUM




Atravesso a zona de segurança
estou sempre equilibrando no cabo da navalha
chego perto do fio dela e rio
pois ainda quero muito da vida...
Sou ansioso
Curioso com excesso
propriedades de uma existência poética...

Não só dos poeta
mas de todos que se entregam
perdidamente à sensibilidade
Enquanto os cientistas falam que é a água
que nos domina
eu contradigo...
em meu corpo
em minha alma
sou feito de urgência que sem elas desidrato...
o que vem pelos olhos
que faz o coração apertar
e a alma transfigurar
deixa minha pele perfeita

Luciano Lopes

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

POEMA DE ADEUS






Quando quis contar-lhe a verdade,
mentia
pois ela dói
e eu não queria
causar-lhe dor...
e nem queria sentir dor
Queria ter sido sempre
o que entendo por conforto
mas em evasão fui descuido...

Queria decorar o olhar que lhe dei
em um momento raro
de pouco medo
e poucas dores
mas hoje desvio meus olhos aflitos
das dores que sinto e provoco em você...

Ainda hei de descobrir o que transforma
em mim o que devia ser
apenas um ajunto de tempo
e boas lendas nossas
em medo de sentir alguma angústia...

Nem sei se sou medo de doar
ou receber o que desejo
tenho medo de que meus desejos sejam
tão inconstantes que eu passe a aceitar
que sou um desenho para ilustrar
como deve ser uma ilusão sucessiva
e sozinha...

mas isso só conta o tempo
quem sabe
é o tempo
e ele é mudo...
se não for mudo finge ser...
nesse momento tenho que escolher
quem fica nesse poema
nele não cabemos mais nós dois...

Luciano Lopes

A BELA E A FERA




(Para uma borboleta...)



Era uma vez um ermitão...

Um ser que se achava mágico...

Imaginou-se um arbusto...

Não conseguiu ser um dos mais bonitos não...

Tratou então

Por não conseguir produzir uma florzinha se quer

de pendurar nele mesmo uma flor dessas artificiais

que com açúcar e água que atrai o cuitelinho

onde vieram muitos...



Mas encantou-se mesmo

no dia que uma borboleta

Muito mais mágica que ele pousou

sobre ele...

Esperou que ela

como o cuitelinho

se enganasse

e nele viesse de vez em quando pousar

deixar naquele arbusto taciturno

um pouco de sua leveza



Luciano Lopes

sábado, 19 de fevereiro de 2011

TESTAMENTO






TESTAMENTO

Nunca deixei de tomar nada
Para que eu não tenha insônia
Para que eu não embriague
Para que eu não engorde
Para que eu não engravide
Para que eu não ofereça atalho ao meu sopro de vida...
Não fugi de paixões
Como não sou politicamente correto
muito menos sou fisiologicamente correto
Tenho suores frios
Pela espera verdadeira
E pela a que imagino
Aliás, mais deliro e sonho
do que vivo o real...
Na verdade mesmo
acho que perdi meu limiar...
Acho que sou emocionalmente indefinido
Lamento às vezes não ter entregue
meu quinhão de emoção completo
a uma alma feminina que quis me dar a sua
Mas se não dei
deixei usufruir
aliás,deixo em usufruto
e um punhado de lágrimas sem emoções definidas
São as melhores...

Luciano Lopes.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

EQUAÇÃO DA SAUDADE





Enquanto caminhava devagar
por uma trilha que me sabia de cor
e escutava Caetano e Nando...

Soprou um vento que me fez sentir
Meu próprio cheiro
Que é em osmose que pouco se explica
mas que se entende tanto
o mesmo cheiro que sentia em você....

Fechei os olhos por um instante
E mesmo que eu quisesse ter forças
para evitar o sorriso
ele veio...
E eu o acolhi como que acolhe o ar
que a vida suspira em mim mais que respira...

Lembrei-me de momentos simples
em que você dava beijinhos
no canto dos meus lábios
roçava devagarzinho tua boca nos meus cílios
soprava segredos em meus ouvidos
que mesmo os que estavam mais longe adivinhavam...

Já devia ter tempo lógico o bastante para eu esquecer
esses momentos que se foram a tanto...

Mais como
se seu jeito é a quantia exata que eu sempre quis de alguém?
Se as coisas simples não estão para a felicidade
assim como a felicidade está para as coisas simples
Ai é que eu abandono de vez a matemática

Luciano Lopes

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MEU CORAÇÃO SEM CÔMODOS






Hoje tive coragem de tirar
as barreiras que eu mesmo fiz
para chegar ao porão do meu coração
E sei agora por que sempre me furtei disso
Lá estava você no sentimento mantido
Como deixei antes
Em teu vestido mais bonito
E no teu cheiro só seu
Tão meu...Tão meu!
Depois de tantas voltas que o mundo vez
De tantas voltas que meus sentimentos deram
Esta você ai
Sorriso perfeito
Olhos que dizem o que eu sempre eu quis ler
(mas hoje não me olham mais)
Você sentada sobre o meu baú de sentimentos
Nem sabia eu que ele estava aqui...
Depois de tantas peles sentidas...
De tantas promessas passadas para outras mãos
Que fazem elas com você?
Por que estão todas elas em suas mãos?
E você sorri
eu respondo teu sorriso
Com que ri para um espelho
Tua ausência é o sinônimo perfeito
do que eu sei por saudade
Afrontada a confissão
sou por conta dessa essência
esse cômodo em que você persiste em estar...

Lupi Poeta

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

ESTRELAS




Ontem eu vi um cometa
desarrumando
o céu certinho
das três marias
do cruzeiro do sul
dos interrogantes zodiacais enfim
Pais de tantas insônias provocadas...
Que ilusão megalomaníaca a minha
sentir como se Deus estivesse
chorando algo que cometi.


Luciano Lopes

QUEM INVENTOU O AMOR ?




Ponha suas mãos sobre as minhas...
Deixa eu admirar
essas formas suaves
Que seus dedos tem...
Deixa eu imaginar
Que nunca acaba...
Tenho em meu bolso
O papel que ontem
Você escreveu meu nome
e desenhou um céu...
E mais nada importa...
Fica um mundo inteiro de Histórias
para cuidar bem depois...
Ah!você pode ir...
Eu sei...
Eu não sei esperar...
Todos partimos...
Todos voltamos...

Mas nunca me mande
uma carta de adeus...
se um dia for...
que seja como a maré alta
que espantou os amantes...
mas ali deixou
conchinhas coloridas...



Luciano Lopes

ALMA






Tenho uma alma danificada
por tanta emoção que esse corpo sente...
Quando me entreguei a esses sentimentos todos
que meu corpo acumula?
Pensei que minha alma defenderia- se...

Mas ela se entrega...

Por que Deus
deixa eu sentir tanto
Todas as emoções desse mundo?
Por que eu tento
e não me esquivo
dessas emoções?
Deixo que tomem conta de mim
todas as emoções desse mundo?

Por que não me furto de nada?
Dou minha cara à tapa
E meu coração a sorte qualquer...
E acredito que todos vão dar-me
motivos
para eu escrever histórias bonitas para eu contar?

Deixo na conta de minha alma essas emoções diversas
esse risco de romper com o equilíbrio

a concessão que faço...

faço pose de lobo mal...

cordeiro tolo...

Concebo noutras história
Signatários dos meus sentimentos...

Recebo horas aqui
outras ali
emoções
que contam
passos largos
para meu convencimento de que devo me entregar
de corpo e coração...
sempre que acho que vale a pena...
Quanto ao corpo e coração
Tudo bem !
Mas e minha alma?
Dela
há de se parar qualquer hora
de arrancar pedaços...
Como explicar para Deus
esses hematomas tão nítidos nela?

Luciano Lopes

SIMPLESMENTE




Vem colorir meu mundo...
Vem...trás os pincéis todos...
Vem... deixa tudo mais feliz...
Com tua delicadeza...
Com sua alegria...
Com tua poesia...
Com tua beleza suave...
Vem deixa lá fora as coisas todas...
As queixas...
As duvidas...

Aliás traga algumas dúvidas sim...
Que a certeza absoluta é burra como
Ensinou Nelson Rodrigues
e cantou Caetano Veloso...
Deixa uma musica de Caetano
E me pinta com as cores exageradas
Dos surrealistas...
Sobre as cores e emoções
deixa aqui só a emoção destinada
as cores que só você sabe inventar..
vem colorir um mundo que sem você
descubro,
fica todo e sempre em preto e branco...

Lupi Poeta

VIAGEM DE POETA



As coisas são exatamente como tem que ser...
Tem horas que nem mesmo o poeta
sabe mais se cabe poesia por si só
Tem que haver uma coragem
que não é própria dos poetas
Porque para o poeta
tudo tem que ser fácil,
até a saudade...
(assim ordenou Deus...)

Então, vira tudo um texto de adeus
ou um convite para mais dúvidas
Por que tenho a impressão de que
a vida é a eterna ausência
do que realmente pretendemos?

O melhor de tudo isso,
o que salva o contexto de total tristeza
(tornando-se assim um antônimo perfeito),
é que o poeta ama o novo, o inesperado.

Lupi Poeta

MUTANTE






Há uma ausência enorme em mim...
Mas não de outras pessoas...
mais minha mesmo...
Uma conspiração de um corpo combalido...
Difícil viver sempre em recuperação
das convicções de que devo convergir
minha existência em atar e romper
com os ardores que minha alma pede...
Meu corpo é sempre o mesmo
Não acompanha essa mutação intempestiva
das minhas emoções...
Devo ser uma experiência comovida de Deus
de como seria um homem compulsivo
pela a aventura da emoção ao extremo...
É uma aventura sempre saber a cada dia o que é bom
e o que é ruim
que não me atrevo a explicar não!
Dediquei uma existência inteira
a desenhar coisas que explicassem
essa essência apaixonada...
Há de ter uma anomalia na minha razão...
Se há uma divisão anatômica dos lugares
onde sentir cada coisa
em mim não há não...
É uma arruaça patológica essa existência aqui...

Luciano Lopes

PRESENÇA




Seus olhos conciliam meus sentidos...
olhos difíceis de não seguir
e não acreditar no que eles vêem...
é que quando você me olha
eu existo tanto!
Você respira ares perto de mim enfim...
Canso de ser um enredo do que sou
quando você deixa aqui só saudade
e desejo da mania que tenho de você
Ah! Quando você me olha
Eu existo tanto!

Lupi Poeta

POETA




Há certos delitos que hei viver e morrer cometendo...
Se é pra ser marginal que seja pelos crimes mais doces...
Se é pra ser julgado
que invejem todos das minhas contravenções...
Delas,
há de sobrar em mim
um coração e uma alma
com provisões de lembranças
que me façam o condenado
mas feliz do cárcere

Lupi Poeta

NOTURNO





ah! a dimensão da vida....
A força que uma existência tem...
A importância que os sentimentos tem..
Não sabemos nada...
E por elas devemos gastar nossa sorte,
nossas noites...

E nessas horas que contam a noite
tenho em mim todos os extremos
todos os excessos...
o da paixão
das coisas do amor
do sofrimento estendido
da felicidade de um menino
que ainda não aprendeu
que há a vaidade para procurarmos espelhos...

exponho com tanta força minha emoções
que minha garganta e peito reclamam a saliva que devo engolir...
tenho carinho e as infantilidades todas
e uma urgência em tudo
que as vezes deixo de fazer ou dizer coisas
porque tenho que dizer e fazer outras coisas...
choro fácil
dou gargalhadas enormes
em que meu coração se liberta...
mas também se encarcera
rápido demais
nessas horas que contam a noite
partilho tudo que é meu
deixo tudo liberto
só não me desapego de minha paixões...

E ao primeiro sinal,
da primeira clareira
que o sol faz...
Escondo todos esses segredos...
Quem recebeu algo de mim em uma noite
reconheça como seu e guarde...
Porque de dia não sou assim...

meu medo,talvez o motivo da minha insônia ...
é que o mundo esqueça de amanhecer...

Lupi Poeta

DA TUA HISTÓRIA




Ah! tu sabes bem...
Que sinto falta...
Do teu sorriso
De tua birra
De tuas manias
De tua dança
Do teu cheiro
Da tua festa
Da tua sina
Das tuas cismas
Da tua rua
Da tua lua
Da tua ironia
Das tuas promessas
Da tua nudez
Da tua timidez
Do teu bocejo
Do teu medo
Do seu luto
Da tua luta
Da tua rima
Na poesia que te faço
Visto as vestes que me deste...
E roubaste depois...
Com tua trama...
Em tua cama...
Na tua folia
Na tua alegria
Na tua raça
Na tua pirraça
Na tua arruaça
Na tua taça
No teu brinde
Na tua fuga...
E tu não voltas
E eu fico em volta dessas
Relíquias
Que tu me deste
sem que eu pedisse...
Nesse sim que faço de olhos
conto...
se eu rir
é da saudade mais bonita...

Lupi

GRITO






Sou assim...
repleto de tantos sentimentos
em avalanche...

Que a realidade é dique
e o silêncio fia...

Eu quero ser um grito!

É que se me calo sou
comum...
e se falo sou trovador...

e se me calo sou sobrevivência
e se falo
sou uma ciranda inteira...

Lupi Poeta

SAUDADES




A noite agoniza...
Já mistura-se
com os tons do dia...
E da decisão pela angústia hoje errei...
Mas são as emoções que me escolhem...
Sobrou um corpo vencido...
Quando vou parar
de trocar o dia pela noite?
É que do dia já tiram tanto...
De dia roubo a sensibilidades dos outros...
E do amor que roubei de você
fiz cômodo estreito qualquer lugar que você não esteja...
hoje em tua falta tudo era tão estreito
que não mensurei por medo...

E fugi para noite...
Na noite
Consigo aproveitar
até o que se descarta

Vigio as fibras tensas... a vadiagem...
e as pretensões de não fugir da clandestinidade...

Dou outra poesia a toda melodia
Ruminei todas as saudades...
Salivei todas as minhas vontades...
E a noite não enxergo todos espaços que deveriam ter você...
E se não me curo ao menos vigio a ferida...

E agora ao amanhecer
não escuto mais o que a música diz...
Como não me livrei nem absorvi a saudade
tenho que esperar outras noites...
Toda minha sensibilidade é forjada
a luz da lua.

Lupi Poeta

"POEMINHO" DO SEDUZIDO




No escuro
Se encontrando
no tato
No odor...
No hálito
de vinho...
Procurando
Encostar o corpo
no outro corpo
nos lugares certos...
Atento
as palavras doces
outras fortes...
Estreita a noite
Dilata
A retina...
A pele...
eriça
sem frio...
E o medo
se arreda
tanto
que eu
sou você
e você sou eu...

Lupi Poeta

PROCURA-SE ALMA DUAL




Esse deserto deve ter fim...
E devo encontrar nessas
Andanças minhas
De pés viciados
a paixão que eu procuro...

É certo que o defeito está em mim...
Há uma dualidade em mim...
Alias essa é única coisa que tenho como certa...
Meu defeito protegido...

Pronto sempre para viver
mais agonias que sossego...
mais procuras que achados...
Decerto esse deserto
deve ter fim...

Olhos e bocas que me encantaram
já encontrei...
Mas procuro um colo que eu descanse...
E que nele tenha

olhos,

boca

e alma feminina...

partidas também...

que se ajeite definitivamente
a essa dualidade da minha.

Lupi

CONFISSÃO




Nessa hora de confissão
Meço o quanto voei...
com qual par de asas?
Carente,verto meu medo
em suores frios....
Não é um medo de perdas...
É de alguma hora não
acumular o que perder...
E ai irem levando
Qualquer parte minha que não valha
Revirarem meus segredos...
Apesar de eu ser essa existência
escandalosa ...
Até para deixar algo meu ir
embora...
que seja algo de valia...

E não achem que só vejo valia
nas coisas chamadas belas...
Quem sabe a lista completa do que é belo
ah! não me conte...
Não precisava viver até aqui para saber
Que o que é belo e caro hoje...
Amanhã...pode ser a primeira coisa descartável ...
já basta as coisas que não mudam
para enfraquecer nossa luta...
nessas horas de confissão
melhor mesmo é deixá-las
escritas em colunas dos viadutos...
Porque por ali passa todo tipo de doido....

Lupi Poeta

ENCONTRO




Seja o que for acontecer...
Com a cobertura da noite
e esta provocando
esses efeitos
que não são novos
mas bem vindos...

Seja o que for acontecer
que deixa esse riso em mim assim
até doer meu rosto e corpo
de aflição...
Que pode até fugir da boca
mas dos meus olhos...

Seja o que for acontecer
Que me deixa assim
antes de você chegar...

E quando você chegar...
Seja o que for deixar em mim
eu permito sim...
Forte assim
Vestígios seus
Em tudo que é meu...

Lupi Poeta

RÉPLICA




É um desafio a vida...
E que bom que é assim...
Como é apropriado que seja assim...

Dizem de nós
que somos seres humanos...
Eu proponho outro conceito
Somos seres que procuram...

É uma busca insana...
Em apertado acerto...
Conspira o mundo
para que não achemos
muitas respostas de um
"supetão" só...

Tem que ser devagar...
Sofrido...
Entre risos e choros
Entre prazeres tímidos...
Comovidos pela procura...
De uma felicidade
que nos foi tomada...

Vênia a parte...
Em um tempo
que não se explica aqui...
Nesse tempo módico que temos...

A única coisa forte que nos move
é essa vontade amanhada na gente
de uma alegria que nos tomaram
em algum tempo...
Em que negociamos rápido demais
quais deveriam ser nossos limites...

Se há mesmo semelhança com quem nos criou
num “arroubo” de paixão...
não haveria de ser qualquer maçã
que podia tomar de nós
esse usufruto
do que experimentado foi...

Que Deus me perdoe...

Lupi Poeta

MULHER




Quantas vezes...
Em todos os tempos...
Em todas as épocas...
Que a mulher já vencia?
Mudava o mundo...
De Evas a Marias
Até o dia de hoje
Onde a sua própria condição
e o nome mulher já bastava em sua força...
quanto mais vivo
mais entendo a força de vocês...
mais perto de vocês quero estar...
que emprestam sua beleza
teus ventres santos...

tuas lágrimas que amodorram
qualquer paz...
qual lágrimas de vocês
não modifica o sossego de qualquer homem
médio?
Não preciso inventar uma emoção...
Ela esta em mim
Um poeta que conta certo que escreverá sobre vocês por toda vida
Para sentir esse aperto no peito
Esse nó na garganta
E a sensação de que meu anjo da guarda esta com o rosto
Encostado na minha nuca
Concordando com os olhos e dentes a mostra
Quando falo de vocês.

Lupi Poeta

FUSÃO COM A LUA




(para Reggina Moon)

Tenho tanto que agradecer a presença
da lua...
Pois o que é vital
reclama defesa...
lua,
que protesto em uma conexão aceita...
sem conflitos...
É um vicio de mão dupla
nos meus devaneios...
E por verdade
dependência minha...
Há fantasia minha sempre
quando falo de você...
Sigo o direito natural
em senso que foge médio
de produzir provas
contra mim...
fica fácil apontar para mim
e diagnosticar que vai aqui um louco...
Pois surge em magnetismo perfeito
o mais irracional de mim...
Não há como disfarçar
minha cobiça
de achar que você
é qualquer órgão meu
como minhas asas...

E essa lua cheia que somos hoje
estamos com outros loucos
como nós
gostam de ser...
só poesia...

Lupi

PERGAMINHOS




Estava perdido antes de todas essas emoções
achadas em mim por você...
nada sabia...
desconfio...
hoje sei os caminhos...
depois de me apaixonar por você...
Então eu estou repleto...
De seus olhos tirei a alegria...
De seus olhos desviados de mim
aprendi a tristeza
a paixão com dor...

Depois aprendi a dançar de olhos fechados
sem medo a sua música...
Já que eu não tinha musicas
ou as desaprendi...
Eu tinha ilusões...
Eu tinha histórias...
Ah! Elas pareciam-me perfeitas...

Mas hoje eu sou uma página branca...
Escreva nela...
Desenhe molduras...
Cole fotos antigas suas...
Derrame algumas lágrimas
De alegria...
De saudade...

Depois
olhem-me de perto...
Verá sou só essa vontade de uma paixão
que não tinha encontrado ainda...
Use todo carvão do grafite
nessa busca desprevenida que está em mim...
Deixe marcas que eu tatue onde eu estiver...
Perdido só o dia de ontem...
Por que hoje sou só receitas em pergaminhos...
para convencer você
que tudo pode começar hoje...

Lupi Poeta

OBJETOS NOBRES





Esse dia encerra-se aqui...
No meu tempo psicológico e desarranjado
Estou relativamente sóbrio
Já que exige esse pouco de solidão...
Todos os meus medos,
Toda essa confusão
pede um sentido especial
Sofre meu lado místico
que está dividido por vários
lugares importantes para mim
Precisavam que eu estivesse
por perto
Ai então descobri,
(E sempre me furtei disso)
Que não posso teleportar-me
e nem transformar-me
em objetos nobres
Como caleidoscópios e pincéis,
e assim ser capaz, finalmente,
de aprender a amar alguém
que não seja eu mesmo,
pois é necessário,
já que tudo em mim não aceita mais ordens que não
estejam ligadas a cuidados com
você...


Então irei nesse barco...
(Vou como clandestino para
manter o charme)
Abrace-me!
Afague minha saudade.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

EXPLICANDO ESSE NÓ ...




Tem que haver uma ligação sensitiva
Entre a cabeça e o coração
Que engrossa e amarga a saliva
E estreita em nó
E dor...
Por saudades...
Por angustias....
E por medos...

Que não me expliquem os cientistas...
Alias que nunca, nada, por favor
expliquem-me os cientistas...
Acredito devotamente nos poetas...
Tenho a impressão
que quando estou assim
é porque minha alma
se encolhe toda,
corpo e asas
entre a minha garganta e tórax...

Lupi Poeta

ESFINGE




Com o corpo febril
mas não enfermo
e sim contido
desenho os contornos abertos
da minha insatisfação...
Entre o que me contam...
e a poesia...

Com a poesia posso destruir castelos
Mas castelos ergo outros...
Tão rápido e efêmero
quanto essa coragem
que eu tenho agora...
Pois meus pés estão certos
que destruirão um castelo hoje...

O que querem de um homem
Refreado,
marcado em emoções?
Oferecidas hoje como chaves
e fechaduras que não
libertam nada
na hora da angustia...
eu sou assim...
pois a liberdade custa-me caro...
dou a ela como alimento minha solidão...

Lupi Poeta

NOTURNO II




Hoje eu precisava dar atenção
Aos meus personagens;
Dar banho no meu cachorro;
Lavar meu al star;
Fazer cócegas na minha filha;
Ligar para meus amigos;
Para amores antigos;
Jogar basquete;
Chorar uma pouco;
Rir de minhas rugas;
Contar meus cabelos brancos;
Procurar a lua;
Achar frases que fiz;
(que nunca copilaram um poema);
Respeitar meu silencio...
Encontrei uma frase num caderninho
De quando eu era só um menino grande
que amarelado asseverava:
--Tentar ser uma pessoa melhor!!!!!!!!
Agora a noite tomar um carmenère...
E sou só sorriso para essa página...
Minha essência ...não é infeliz não...

Lupi

SOLIDÃO




E num vazio insustentável
Começo a madrugada
E como dela sou parte,
enfrento...
Não há uma tristeza acintosa
Nem um cinismo premeditado
Pois eu respeito como lei
o que a noite me dá ou toma...
foi daqui que ensaiei
meus melhores
passos
foi aqui também que ri
dos meus tropeços
embaixo da luz da lua...
e se angustia eu firmo agora
a noite aceita...
a solidão para noite
é par...
e assim
hoje...
somos tríade calada e úmida...

Lupi Poeta

DEVANEIOS




Espio por detrás
das venezianas...
A luz artificial
acostuma tão fácil às vistas
que estreitar a menina dos olhos
num dia de fuga já é uma aventura...
Há um jardim que observo
é tão meu
que qualquer dia insurjo-me
e vou usucapir suas flores...

Lupi Poeta

GRAFITE






A solidão senta-se a meu lado
E me sopra um nino manso
As paredes espelham
um vulto de um grafite
desesperado...
Que escreve um bilhete com medo

Não consigo respirar
ou fechar os olhos,
pois o barulho do sopro
da solidão é de dor e lembranças...
(E essas lembranças são minhas mesmo?)

Como são imortais os erros!
Um dragão molha o meu grafite
que salga e falha.
Sou eu mesmo que tento
desenhar um punhal...
Sou eu mesmo...
As cores é que não são minhas.

Lupi Poeta

ACENO




p/ Minas, Vênus & lua


Uma breve convivência,
apenas para matar a saudade
dos meus...
...Dias Bons.
Dias calmos...
De um tédio gostoso,
diferente...
Calma...
Há sempre alguém
para se abraçar forte.

Dias bons...
Os ares de Minas
me fazem muito bem...
Vou sentir saudades
das montanhas,
desse céu que é um pouco
mais céu...
Já há saudade das pessoas,
mais pessoas,
despedida...
Olhos dilatados
vão ficar poucos instantes
antes daquele aceno.
Deve ter alguém que vai
se debruçar na janela
para me ver ir embora,
e talvez, derrame uma lágrima.
E essa lágrima no meu rosto?
Ela pertence a quem?

Lupi Poeta

HOMENS





Condição de humano,
vivendo...
Fazendo parte...
Tentando não ser...
Como é mesmo a palavra?
Ah! “Maquinal”...

Lupi Poeta

NUVEM OU METAL





(Para todos meus amigos)

Entregam-me uma interrogação nas mãos...
Quem é você
É de pluma
Ou de rocha?


As vezes sou de pluma
Outras de rocha....
Em um momento sou só ternura
Noutro falta-me a sensibilidade...
E não há virgulas que me separem
dessas mutações...


Eu sou um texto continuo...
As vezes nem eu sei se de rocha
Ou de pluma...


De outro turno nem sei quando
A força de vento de alguém
As fazem esbarrarem-se...
A rocha...
A pluma...


É quando fujo...
pois não posso com essa interrogação em minhas mãos
Sou esse texto ininterrupto de tropeços...
Desjeitos ...
Hora encantadores
Hora assustadores...


Mais que depressa explico-me
Antes que eu perca o poema
Por que para o poeta não há mais jeito não...

Lupi Poeta

domingo, 13 de fevereiro de 2011

MANHÃ




Portas
e janelas abertas...
Clarões
e bocejos saudáveis...
Espero agora
o leiteiro
do céu...

Lupi Poeta

PAIXÃO




Quando vier traga suas imperfeições,
seus defeitos,
traga você nua de proteções...
venha você
como é!
Venha bem humana...
vou reconhecer seu cheiro...
e suas manias...
e eu com mania de lhe fazer bem
minhas mãos a seu comando
minhas graças
à suas investidas
ria comigo...
Deixa eu achar que não há nada
mais parecido com o céu
senão sua presença feminina...
Sua suavidade de pele
seus barulhos
tudo tão meu...
tão meu...
faça silêncio tudo mais...
que é tão bom
achar que quase tudo em mim é só coração !

Lupi Poeta

COLHEITA





Hoje peguei o carvão
Desenhei traços simples
Sei desenhar quase nada
Fiz algo parecido com margaridas
Um sol lilás
(Ah! como seria bom se vez em quando
o sol ficasse lilás...)
desenhei contornos femininos...
Uma vontade danada de desenhar
um barulho...
algo assim como a hora que duas células
se entrelaçam em zigoto...
mesmo quando é pra ser simples
sou pretensioso...
risos...
conseguem ouvi minha risada?

Era pra ser assim as vezes
mais simplicidade nossa
na forma de acreditar na felicidade
por que se eu desenho margaridas
e sei de cor seu cheiro;
vejo e contemplo o lilás
As cores sabe?
Toda complexidade vai se confundir
E me esquecer
Deixar um pouco mais de sonhos
Em um dia especialmente bom
Para colheita
Só pela beleza inteira dessa palavra...
Espero agora a lua
Duvido muito que ela não virá hoje com todos os tons
Possíveis do lilás.


Lupi Poeta



Por
emoção
sempre
desajustada
eu surto
e vou...
e por saudade demais
eu surto
e volto...
e entrego assim
minha face mais verdadeira...

Lupi Poeta

SIMBIOSE




Não tentem tirar-me
o que eu não quero
que seja meu...
O que eu tenho,
o que me é caro,
só os loucos
e os excêntricos cobiçam
Tipo de gente perfeita
para me ajudar a capturar
os vaga-lumes de "bundinhas verdes".

Lupi Poeta



Lupi

AMOR DE ERMITÃO




Em tua forma
em teus contornos
encontro respostas...
sentir saudades é meu norte
e você está por todas as direções adequadas
mas sei que deixo um vazio...
eu persigo tanto
e quando vejo
paraliso-me nessa forma mestiça
na proporção infausta da palavra
sinto vontades, mas não cedo
sinto falta mas não digo...
tenho medo de ter explicar quando
não sei dar nada...
o que queres de mim
não negarei...
mas vai haver horas que terá
que arrebatar
e contradigo...
tantas partes minhas já estão
sobre suas mãos...
o que falta
faça colo
nele tenho por intuição
o que falta
já era seu quando eu ainda
aprendia a sonhar.

Lupi Poeta

DECLARAÇÃO DE AMOR II




Ah! Isso que seus os olhos me dizem...
não dá para acreditar nessa
puberdade
que minha alma está hoje...
nem sabia
que eu podia
gargalhar assim...
e tudo se torna um soluço
e uma mistura de medo
e coragem...
na galhardia
desse momento da minha existência coadjuvante...
ao menos até agora...

porque o que seus olhos me dizem
e não conseguem mais disfarçar
charmes seus...
resistências suas com as palavras...
com apertar de lábios...

Seus olhos me dizem
e não escondem mais o conforto
que meu coração procurou tanto...
pode amar...
assim...
como sua alma está vestida hoje...

Lupi Poeta

POETA




A poesia me dá imunidades
Tudo que faço quer ser um delito
Quero ser denunciado, e não sou;
Quero sofrer penalidades, e não sofro.

Dou vida a cata-ventos,
asas a cavalo
e morte aos ateus...
Quero sensualizar a vida
pois eu inventei a moral
para rir da injustiça que sou
contra ela...

Hoje pendurei um pincel invisível
acima da cabeça dos humanos e balancei
Uns ele pintou com cores bonitas
outros nem tanto
Depois de gargalhar muito
descobri que as cores que antes eram feias
fizeram a harmonia...

E no fim do dia
quando tudo pareceu-me devidamente
extrematizado
chutei por baixo a base de tudo que criei
Amanhã devolverei a vida aos ateus.


Lupi Poeta