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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

1º baile




Nesse final de semana fui ao um baile com toda minha família. O primeiro baile em que eu contemplei minha filha como uma moça que ela será. E como nada para mim é entregue ao acaso, recebi um prenúncio de primavera... Para minha retina acostumada a estar atenta, mas passional, era a mais iluminada e bendita.
Teve cólica de suas regras (vai matar o pai por colocar isso a termo, mas corro risco em risos).
- Deixa, o pai cuida filha!
-Essa dor eu sei fazer passar...
- Passou?
- Passou pai
Duas, minto! Três doses de Uísque para mim.
- Vem, vamos dançar! Vamos roubar um pouco do espaço daquela pista de dança.
- Você pai?
- Nós ué!
- Já não dançamos em casa antes?
- Já, mas aqui, maior “mico”!
- “Bora”, pai quer dançar com a menina mais bonita!
Dançamos a noite toda, minha filha, eu e a música, mais nada.
Nos seus olhos o encanto de ver a minha entrega;
Nos meus, uma sensação de estar entregando para ela
meus últimos raios de juventude...
Ainda vou dançar muito!

Luciano Lopes

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Serenata




Começou por esquecer a letra da música, mas o encantamento era tanto que insistia em cantarolar,
embaixo daquela janela, para ele, endereço certo quando a saudade lhe comprimia o peito.
Vivia a esperança de receber um aceno, um lenço, um vulto. Em seu imaginário ouviu certa feita um movimento nas venezianas, uns passos, mais nada .
Com o tempo, deixou de frequentar aquela janela. Não entendia como esquecera por completo aquela música. Pegava atalhos para não ter que passar à frente do que imaginava tão desejado, se sentia desamado. Esqueceu a janela o constrangimento, o caminho.
Ouviu-se madrugada dessas, voltando para casa a música, letra toda. Uma janela enfim lhe correspondeu.
Não há sentido em serenatas para janelas, corações e sorrisos, que não estejam perdidamente receptivos...

Luciano Lopes.

quinta-feira, 26 de julho de 2012






...Meu jogo é um espalhar de pedras de xadrez...
meu olhar não desvia a atenção da rainha
e do rei sempre indefeso
e a simetria do tabuleiro não muda!
Os peões são tantos
E raras são as vezes que não serão
eles minhas moedas de troca

Monto as peças como a regra manda
Na enfileirada cortina que protege o Rei
e sua tola fragilidade...
A rainha a seu lado
Mas a espreita visão, negra ou branca
sucumbirá outro reino alheio
começo um jogo novo montado no cavalo
Para esquerda?
Para direita?
Não importa tanto
Jogo contra mim mesmo
Posso espalhar as peças agora, uma a uma...


Luciano Lopes.

Falha





Dentro desse mundo, opção compulsória, de outro mundo, creio tanto. Que todo dia eu espero enfim acordar. E no outro, nele imagino e torço muito, para eu ser uma pessoa menos complicada. Sonho, todos os dias nesse aqui, que no outro, eu sou bem mais simples que esse que eu vejo no espelho... Acredito tanto que esses contornos que enxergo, deve ser em outra coisa, que nem deve ter nome de espelho...



Luciano Lopes.





Olho todos os lados
a solidão tão decantada veio
Abaixo os olhos eu procuro
A dor
Não há
Nem algoz...
Meu mundo se desenvolve
na velocidade
dos meus suspiros de lamentos
por minha inocência com ruídos de vaidade
por eu não escolher minha solidão
por meu “dar de ombros” a quem meu deu amor
Há em cada pessoa uma pequena falha de conduta
Aceita e excitada às vezes...
Quiçá, culpa do pecado original.

Luciano Lopes





Nessa página que fica me perguntando no que estou pensando, penso nos que dizem sempre que se pudessem voltar atrás não cometeriam os mesmos erros... Se eu voltasse atrás e fosse o mesmo, sem tirar nem por, provavelmente iria cometer os mesmos erros... Até hoje cometo erros análogos...só que com mais rigor e com roupas menos despojadas.

Luciano Lopes.

terça-feira, 17 de julho de 2012


Deixei o cheiro do café
Invadir meu olfato
Acordei por ele
Depois pelo sorriso...

abri os olhos e
notei sua ausência
ao meu lado
Invadiu-me um arrepio
da certeza da sua volta
com o carinho daquele cheiro
que estava no ar

Naquela manhã não ficaria sem você...

Luciano Lopes

segunda-feira, 16 de julho de 2012

SAUDADES




Com fotos espalhadas
Sobre a cama
e mãos confusas por serem só duas
e nada como escudo
sobrevivo de saudades...

Aponto as fotos com morder de lábios
Com toques de dedos perdidos
e com o que despejo dos olhos
Aprendo que minhas saudades não sabem datas
O que grava isso em mim é de propósito
desorganizado
E os quadros de minhas lembranças
Misturam-se com as fotos...
E as cores desbotam-se
Aponto os momentos...
Aqui cabia um sentimento a ser confessado
Ali um silêncio a ser escolhido...
Ter dito dos sorrisos
Dos vestidos
Dos abraços
E do turbilhão de amor que deixou em mim
vivo esse exagero de passionalidade
a que fui condenado...

Devíamos ter descoberto logo
o quanto brincávamos de abismo...

Luciano Lopes

segunda-feira, 9 de julho de 2012

2ª morte





Deixem quietas minhas ilusões
Algo em mim
Deixou de se regenerar
É uma ferida crua
e crônica...
Vigio a esquina que dobrei as pressas
Não há ninguém...
Espalmo a mão nos tijolos maciços
e úmidos...
Procuro o fôlego
Sinto o gosto dos tijolos na boca
A vida grita realidade...
A saliva, a ânsia,
a ansiedade e a espreita...
Não há ninguém,
desventurado que sou,
importunando minhas ilusões...

Luciano Lopes

MEDO




Preso a saída da porta
Com sintomas de síndrome
Encosto as mãos trêmulas
No portal
Sinto o calor acumulado
da tarde no aço fundido
Quase abstraio
Quem sabe mais um pouco
de calor e a dor era alivio...
Vejo a rua turva
Escorre do azul profundo
o preço
da paga
do meu sobrestamento
em viver plenamente...

Luciano Lopes.

NAS PEQUENAS COISAS






Quando se achava todo já se havia dito
sentido
esquecido
Se aquietado no tempo do verbo perfeito
Vem a saudade ávida ainda e viva
Que sabe todos os atalhos
Com os olhos da alma
que tem visões periféricas
que só o coração enxerga
e só ele traduz...

E da forma sempre irracional que ele escolheu
E aonde nada mais deveria acontecer
há um pouso suave de uma borboleta
multicores
e o perfume de um jardim de jasmim
O homem é movido pela profundidade
que o afeto alcança nele

Luciano Lopes.

POR QUE SEI QUE É AMOR




E quando teus medos dormirem
E quando tuas guardas baixarem até seus pés
E tuas cicatrizes forem
para que a outra metade encaixe
Tu nem vais sentir...
O amor não tem tempo
nem números
Pode ser só um
Podem ser muitos
Podemos ter que parar de contarmos
O que não podemos é esconder nunca
são belas cicatrizes que ele insiste em deixar
na gente enquanto a vida em nós...


Luciano Lopes.

TERNURA DESAPROVEITADA




Você é tão bela
devia eu saber acolher
qual é o carinho que você separou
para mim
Devia eu entender que outros lhe cortejam
Tão pouco eu posso dar- lhe
Senão essa ternura toda
que decantei das ternuras
todas que furtei...
Você é tão livre
que o carinho que você me dá é só meu
mas eu devia entender que há tantas virtudes em você
que transborda carinho para outras pessoas
e tão pouco eu posso suportar
pois enquanto furtava preparo para você
Esqueci da compaixão que sinto desses ciúmes
inesperado de quem vai agir adivinho-me
como um adolescente desprevenido.

Luciano Lopes.

NOTURNO




Num ato tresloucado, “normal,”.
dos meus, deixei o dorso aberto
despreparado, à espera de algo esquecido
A espera de ser acordado
com um espalhar de pelos
que transformasse em soluços e espasmos
a falta desses reflexos que escondi em mim...
O suor desceu rosto a fora ansiedade
arderam meus olhos
com meu próprio sal
Eu menti para carne desejada
e ela mentiu para mim
cedeu algo dentro de mim
que eu ouvi o barulho
Eu pari um choro
que minha boca sentiu
o gosto do meu próprio sal
Sorvi do vinho amigo como veneno
Senti o gosto com meus fluidos
amanheceu o dia...
De dia nada me afeta
A carne desejada
não era mesmo desejada
a ambição era por sua alma
- Não se captura almas-

Luciano Lopes.

Devoção




Não gostaria de ser
nem uma vírgula ruim
num no texto
que conta o dia bom
de uma pessoa
que eu anseie
nem mesmo um hífen
que separasse a sílaba
de uma palavra se não for para ser conforto
Que eu não seja nem mesmo o silêncio
já que ele pode ser nobre
se não for pra ser um bem
que eu seja uma bolha de sabão
que se formou a noite ao acaso
e a noite mesmo
no acaso seguinte seja perdida.

Luciano Lopes.

Maresia





Com coração quente
As mãos frias
Um sorriso tolo
Inseguro,
Olhos novos,
Sensível,
Segurando a respiração
Para não espantar você
... Como quando adolescente
à primeira menina que encostou
sua cabeça em meu ombro
(-ah! Deus tem horas que a gente podia dar conta
de segurar a respiração um pouco mais)
Eu não queria me mexer
tamanha era a magia daquele momento...
Desarmado,
Ingênuo
Taquicardíaco,
Não entre por porta nenhuma...
Entre sim!
Todas elas então oferecidas
antes mesmo dos meus preparos
E quem disse que eu estou preparado?
Que eu não vou fugir fenda qualquer
dessas emoções todas?
Vou não...

Luciano Lopes.

PARTIDOS




No afago de ontem a profecia. Era o último afeto que ela lhe daria. Na face dele as linhas duras de ontem.
A dor e o orgulho de quem não moveria um só músculo para deduzir clemência.
Ele o vazio... O suor entregava-lhe a aflição que ela tanto sabia. A camiseta colada ao corpo e a sensação de evisceração.
Ela a mágoa... Suas mãos pequenas agarravam-se firmes nas alças da bolsa como se buscasse equilíbrio e postura.
Ele a olhou indo na direção oposta. Tão miúda! Não conseguia conciliar em sua memória o motivo de sua partida.
Olhou para o sol até não suportar mais. Voltou às vistas para ela.
Era só um vulto disforme enfeitado de vários tons de sol.

Luciano Lopes.

O BOM LADRÃO





Rodando ciranda com a existência
não sou brisa
ou jardins
Sou feito de tijolos
tirados de uma construção
e grafites de becos ambíguos
Nessa roda viva
vou perdendo as forças das pernas
e das mãos estendidas
vou entendendo
que não vou entender a vida
Entendo mais de fantasias
e me acostumo com essa sina...

Para sobreviver
tomo com astúcia
o afeto de quem me rodeia

Corrompidos pela minha coreografia
dissimulo charme
e aspirjo perfume
para disfarçar essa alma desagregada


Sou o ladrão que todos
torcem nos filmes
Essa parte é engraçada
a parte em que a protagonista
entra na ciranda
boca da noite
me traz sorriso
me traz noticias de outras terras
e me traz flores
e me faz brisa até a madrugada...
até que venha o amanhecer
que me faz tijolo...
que me faz beco...




Luciano Lopes

QUERES SABER DE SAUDADES?





Não demoras assim, saudades minhas
Já vigiei tanto as frestas das janelas
Vens, passa aqui
vestido branco com margaridinhas
Acenas para mim
Olhos, que sejam
Tuas mãozinhas, que desejo,
que sejam
Não demoras tanto assim saudades minhas
Qualquer hora dessas durmo
de lassidão...
Que dissolvas com sua boca em risos
com os sons da tua voz
essa espera atentada
que meu coração me impele
Ah! Essa saudade que eu já quis tanto
Que já me entreguei tanto
pobre de tua presença
tão rico ficou meu imaginar
silhueta tua em tudo que pode ser belo
que bastava uma brisa
por essas frestas tão vazias
que no cheiro úmido da noite
eu sentiria o cheiro bom das margaridas
do teu vestido...

Luciano Lopes




À porta bate a angústia
Já entraram o medo
A solidão
O silêncio que eu não escolhi
Dos meus ombros escorreram
as asas
Uma respiração mais cadenciada

Talvez eu esteja precisando
reaprender a respirar essa vida...

Luciano Lopes

CONTRASSENSO




Fui ermitão confesso...
E minha ousadia
é o bom conviver de um poeta
que me fiz...
De um jeito sutil
que não é minha virtude mais atenta
pois sou mais de alarde...
construí uma ladeira de paralelepípedos
que expôs minha montanha
onde escorreram meus segredos
que não queria contar...
Onde meus joelhos dobraram
de cansaço e emoção...
onde abdiquei da solidão e do silêncio
e fui aos extremos todos
onde sucumbi a meu vicio
que é a emoção até a dor
Essa mania que me tomou
A exposição que me impõe castigo...
Vê! O que é certo em mim
é o contrassenso!
A liberdade desperdiçada
E essa noção empobrecida
do que se tornou a vida
por eterna
Já que escolhi a carne exposta
A vida por relógio é feia...

Luciano Lopes.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fábula


Devo rever alguns conceitos
mas não vou mudá-los...
Devo rever alguns defeitos
mas devo mantê-los
Devo rever algumas mágoas
mas devo remoer-las
entre ranger de dentes
Devo rever minhas saudades
mas devo protegê-las em suspiros
Devo rever minhas prioridades com urgência
mas devo mesmo, como sempre adiar um bocadinho mais...
nesse universo paralelo em que eu vivo
é bem mais funcional lidar com essas coisas...

Luciano Lopes.

1ª morte

Apesar da sutil similitude dos pecados capitais, a cobiça e a inveja não são pecados meus, e eles me espreitam hoje... Já é uma luta desigual a que eu travo contra a vaidade. Perco dez de cada dez pelejas que travo contra ela... Não arrefece cortar na carne...A solução de continuidade ri e confirma, que sempre agi deixando a razão fora das minhas decisões...Apesar de bater no peito com orgulho, e dizer que minha alma foi forjada nos guetos...Ando por um “triz” de aceitar a fragilidade quase como um remédio...Acho que eu vou logo ali. Tenho que buscar um reservado para essa morte. Sempre sofro quando escrevo, mas hoje estou com todos os sintomas... E não posso beber,nem chorar e nem gritar...Repartições públicas são lugares perfeitos para conseguir uns dias de folga por distúrbios psiquiátrico.

Luciano Lopes.

sábado, 5 de maio de 2012

URGÊNCIA




Então a gente combina assim...
Eu e sua silhueta...
a noite é um convite
o sabor que sinto
na minha boca é agridoce
 o cheiro que sinto é amendoado...
a lua é um holofote que ilumina só os contornos apropriados
...mais perfeito que isso  
só se o tato com o arrepio
fosse imediato...

Lupi Poeta.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

MARIZA

Logo cedo, depois do café, que nunca é amargo o bastante, para sucumbir seus sonhos, ela sai para enfrentar o “tronco” onde lhe açoitam tantas realidades que marcam alma inteira... E apesar das cicatrizes, nunca atingram seu rosto suave e seus olhos de uma nudez que grita beleza... Suas vestes de luta a toga para enfrentar as várias faces de “deus”...que descumpre a promessa de deixar tudo ao livre arbítrio...Ela, resignada sente na carne a dor proferida a outra carne, que o ranger dos dentes estava escrito na hora que foi parido...E Ela ainda sofre com a parte que pariu,pois é a que mais sofre como ordenou a própria ordem das coisas... Ao fim do dia decidi entre o vestido branco ou a saia de seda laranja... Há de ter alguma armadura para manter a feminilidade que por descuido Deus lhe deu de forma profusa...

Luciano Lopes

quarta-feira, 28 de março de 2012

POETISA



Como se fosse um regato
de margem tão suave que os pés
judiam...
O barulho que faz ao primeiro despertar
é a umidade da própria vida
Ah! deixa vir o sorriso a tua boca madura
Deixa o cheiro do viço de mulher sensível
espreguiçar a primeira luz
Toma conta da gente hibridamente
Embalando almas nossas
com sonhos seus
realizações suas...
É assim o dia do nascimento de uma poetisa
Vê-se passando as flores pelo riozinho
uma a uma contado uma história linda
que se envolve em uma aventura
do dom da vida dedicada a descrever beleza
A contar de paixões,de cores
Uma flor mais perfeita que a outra
Vai contando os anos seus
Que não conto até o fim
Seria indelicadeza desse outro vate
Contar a idade
Segredo sempre do charme da mulher
que você é em plenitude
Procura harmonia margem sua...
Mas não tentem tomar a paz da poetisa
Não a façam chorar de tristeza e dor
que seu riozinho toma proporções
de mudar as ilhas todas a sua volta.

Luciano Lopes

MARIA



Chamo-te durante a noite
Já não me escutas?
Provoco-me um prazer burocrático
Que roubo de Anas, de Saras,de Marias...
Arrisco-me a dizer que és de
ti, Maria, que sinto mais saudade...

Quando foi que passaste a subestimar
a minha alma livre?
Já não me escutas?
Tenho que subtrair da imortalidade
a morte dessa noite
e minha saudade exausta,
quase desertora...
Já que não me escutas mais...

Não há verdades em minhas
palavras de desatenção,
Por que verás, ao entrar em meus
espaços, que há vestígios teus por
todos os lados.

Luciano Lopes

segunda-feira, 26 de março de 2012

ESPERA



Quis...
mas não bastam apenas meus desejos
que estão vencidos hoje...
Com o entusiasmo acuado
que adianta meu querer
Se o que tenho são lembranças
e imagens turvas suas?

Que se foi sem medo da revelia
e dos meus julgo ansiosos...
O amor tem como enfeite a reciprocidade
que não tive...
O que sobrou foi esse cansaço causado pelos suspiros
E esse sorriso e fechar de olhos a cada lembrança sua

Ah! Mas se você voltar!
Verá que a dureza de minhas mãos
e dos meus olhos
provocadas por minha resignação exausta
não condiz com o conforto que meu coração
dedicou a esperança da tua volta...

Luciano Lopes

MEUS PERSONAGENS



Vou deixar que me decifrem
dia desses...
Mas dessa devassa arriscada,
sobre olhares suspeitos
de meus personagens
em risinhos pervertidos,
de quem imagina serem donos de segredos
e não são...
Digo...
contem a eles que
não se acha nada em mim a não ser eles mesmos...

Eu os alimentei com meninices tantas
e cirandas que participei e vi passar...
com vaidades minhas...
e com as que não eram minha
que se amanharam magoas
e outros pecados tantos
que nem sei
e nem eles
o que é pecado mais...

Mas há algo fácil de ler...
Não vão encontrar coisas
que ensinem nada à medicina
ou à filosofia...
Melhor que deixem os loucos sem cura
e os postos em paixão continua
com esse infortúnio curioso...
Esse tipo de gente
competem certo
de que qualquer coisa fora
do contesto que não seja
o risco total pela alegria
não faz a vida valer à pena...


Luciano Lopes.

sábado, 24 de março de 2012

PASSEIO DO POETA



As vezes tomo um caminho dispersos
acreditado alucinadamente contemplar
mais do que a visão alcança
Tolice dissimular que eu possa entediar-me
se imaginação tenho com mais força
que a razão...
Tenho essa visão doidivanas das coisas
deixo ficar meus olhos mais atentos
deixo minhas fantasias tomarem conta de mim
ando devagarzinho desviando das emendas das calçadas

Ah! como são bela as cores das coisas todas
caleidoscópica é minha compreensão delas...

Há uma moça na janela
Perturbo-me com seu jeito feminino
e um olhar perdido
Reconheço meu olhar no dela
Apaixono-me irremediavelmente
Sempre me apaixono por um instante do dia
não conto novidade nenhuma
Só que meus escritos
já tem compromisso certo com os suspiros...
Ela se afasta
Decoro seu semblante
e eu sei já sorrir...
Foi assim que aprendi
Não sirvo para paixões longas
Estou mais para lembranças
nunca as perco...
Deixo para os cronistas descrever socialmente o que a cidade oferece
Eu, egoísta, fico com as cores
com os vultos que vejo
com os imagináveis
Com as historias que tomo posse dos edifícios
das esquinas,
dos becos
e as paixões que invento
e as que deixam em mim.


Luciano Lopes.

sexta-feira, 16 de março de 2012

DESABAFO



Eu estou na vida para ser do bem
Cercar-me de pessoas do bem
Para ser feliz
Para crescer como ser humano
Não procuro a perfeição
Procuro fugir do defeito total...
Eu falo com “gentes”
Gosto de ouvir “gentes”...
Mas falar mal por falar mal
esse quem lhes escreve
não fala não!
Quero ficar longe de intrigas
Perto da sensibilidade
Longe da inveja
já que a vaidade provoca-me
Quero o bem querer das pessoas
Ah! Não falem mal de mim quem não me conhece
Já basta a injustiça que fazemos uns com os outros
Mania tola das pessoas de adivinhar os outros
por qualquer gesto tresloucado...
Logo eu que sou meio estabanado a primeira vista...
Tenho dores e amores
Tenho erros enormes
Ansiedades e vontades...
Eu tento ser simples
Não quero ser simplório
Eu quero mais é ser muito feliz
e tentar não deixar ninguém triste...
Se eu estiver deixando alguém triste
Deixe-me...
Deixe-me...
De tudo, o que mais sei
é que sei ser um ermitão.

Luciano Lopes

quinta-feira, 15 de março de 2012




...

NOS DÃO APRAZADAS

PORÇÕES DE ALEGRIA

TÃO POUCA...

EU QUERIA MAIS...

ISSO DE ALEGRIA

VICIA A GENTE ...


Luciano Lopes

QUEM SOU EU?A SAUDADE?




Sou o momento que o orvalho deixa de namorar a flor
E se torna apenas mais uma gota no rio
As marcas dos dedos femininos
deixados na umidade da taça de vinho vazio
O consentimento perdido do beijo esperado
A despedida do telefonema desejado
em que não se diz, nem se ouve as palavra
imaginadas...

A adolescência que me abandonou
Deixando aqui um corpo maduro
Que sabe de cor as cambalhotas
e aventuras tantas
mas que não se atreve mais os riscos...
Mas sou também o cheiro que sua nuca
deixou em minhas mãos...
Sou a esquina que dobra a rua
que leva ao quarto
que leva ao canto
que acende o abajur
que abre o caderno
que cheira a mão esquerda
e escreve com a mão direita
como foi bonito de se ver o momento exato
em que a lua de hoje apareceu atrevida como nunca!

Luciano Lopes.



SER POETA NÃO É SÓ ESCREVER FRASES
DE EFEITO
DE ENFEITE
COM MORAL
AMORAL
DE AMOR
DE DESAMOR
DE PROTESTO...
SER POETA É UM ESTADO DE ESPIRITO!

Luciano Lopes

ANSEIOS DE POETA





Inspirado em Hanna Brescia.

Sabe o que eu gosto de fazer
com o que eu escrevo?
gosto de deixar marcado
nas retinas das “gentes”
os seus melhores gritos...
No coração “delas”
acordar a sua sensibilidade
mais atrevida...

Luciano Lopes

terça-feira, 13 de março de 2012

DE MINHAS MÃOS CASTELOS




Sou como uma ampulheta
E cada grão de areia
que escorria dela
é como uma pessoa
que passou em minha vida
e deixou mais amor em mim
do que eu merecia...
mais almas fartas de colorido que a minha distinguia
eu fingia não doer tanto quando escorria de minhas
mãos o que achava que colecionava como ostentações
Tentava acudi em dedos já rijos o que já nem era meu
Por falta de cuidados...

Mas em minhas mãos suadas
envolvia pouco dessa porção que do me doaram...
Tentava desesperadamente recolher de volta
o que dela escorreu
com minhas mãos bisonhas o que me deram...
Mas delas fugia mais escorregadias ainda
pois já não me pertencia mais...

Formaram duna de carinhos que nem mereci...
onde vagueava pegadas dum desajeitado
e rude aprendiz do valor do afeto
pelo afeto...
Devaneio...contesto!
Como quem tenta enganar o tempo vou virar
o que é em mim essa ampulheta...
Como quem precisa resgatar
o bem que espalharam em minha volta...
Devo ter outra chance de ver cheio meu coração
do amor que me deram...
Vou tentar ter as mãos mais firmes
um coração mais menino
com mais devaneios...
anseios mais ingênuos
Com essa areia construirei um castelo de baile
Há de ter alguém que dance comigo
uma música que deixarei que meu par escolha
para eu exercitar o desapego...

Luciano Lopes.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

VAIDADE DE POETA





(poema dedicado a poeta Reggina Moon por ocasião do seu aniversário)

Eis que por ocasião do nascimento
desse poeta
Deus soprou não apenas vida em minha alma
não soprou só o viril desejo pelo sexo oposto
mas uma doce,terna, frágil
e apaixonada cisma
pela ausência de sinônimos
que não divinos ou não revelados
para a alma feminina...

Desde de então
não passei um dia de sossego
em suspiros e angústia
que nunca tomei como execração e sim boa dita...
que faz faltar às vistas agora
quando dito aos dedos que passaria a vida escrevendo canções
e bem dizeres a ti...
Que discordo sexo oposto para batizar-te metade...
onde vim pregar que sou também metade...
Mas Deus por vaidade
Olhou-me e disse:
Tu sucumbirás também às luas...
Por isso essa mistura doidivanas de poeta e lobo
Do meu gosto pela dança
mas também ao ermo...
que só se rende à metade que me completa
ou às noites de lua.

Luciano Lopes

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

DIDÁTICA







Era uma noite
clara e verdadeira...
Tanto que se confundia
com a sombra de Deus...
Se o misticismo é imperfeito,
hoje o vento é perfeito
como a fé...
Assim também a saudade
da inocência...
Acima da noite sobrevoam
as almas
(como é magnifico voar).
Elas só voltam depois
com didáticas de sorriso.

Luciano Lopes